segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O próximo é sempre o melhor

Eu tive uma amiga chamada Taty que era uma mulher como poucas que conheci.
Era forte, inteligente, dona de si. Tinha confiança, determinação, vaidade, um ofício que amava, sua própria casa, gostava de festas, perfumes, flores. Gostava de dançar, de comprar roupas novas e de dar presentes.
Não tinha namorado e nem queria. Preferia não atrelar-se a ninguém. Preferia seus eventuais affairs, os homens que lhe faziam companhia, que lhe faziam amor e depois voltavam pra suas casas, pra suas vidas e - às vezes - pra suas esposas previsíveis.
Ela não fazia tipo. Era autêntica. Amava-se acima de tudo e amava seu estilo de vida. Era uma guria a quem nunca se via triste ou amuada, o sorriso era sua constante.
Quando falava de seus amantes ela usava uma frase que, na época eu achava só engraçada mas depois vi que tinha peso, filosofia. Tinha razão de ser a aplicava-se a tudo na vida, não só a amantes.

Quando eu era noivo da Lúcia, achava que a mulher que eu tinha escolhido pra companheira era a mais perfeita que poderia encontrar. Achava que ninguém mais no mundo poderia me entender e me completar tão bem quanto aquela pequena e doce ariana. Até conhecer a Léa.
Passei anos crendo que a Léa era um presente. Um milagre que me foi concedido pra descobrir meu lugar no mundo e me ajudar a crescer, me ajudar a sair da adolescência. Até que tudo acabou e eu fiquei sem chão.
Então conheci a Renata que me mostrou que a minha força era maior do que eu pensava. Que o mundo não era rude e pesado como eu via e que o amor não pede nada em troca. Ele só dá.
De lá pra cá eu mudei de cidade, de emprego, de ofício, de filosofia de vida, mudei minhas roupas, minhas gírias, voltei a ser jovem. Mudei de vida.
Mudei pra uma vida bem melhor.

A Taty sempre dizia isso e eu nunca tinha notado. A Taty não tinha medo do novo enquanto eu tentava sempre manter tudo estável.
A Taty falava dos amantes e dizia: "O próximo é sempre o melhor" e eu achava que ela falava só dos amantes.

Um comentário:

JAIRCLOPES disse...

Teus textos "autobiográficos" continuam bons e, se agente prestar atenção, dá para emendar uns nos outros de forma a constituir um romance da vida real.