quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Eu Matei Minha Alma Gêmea


Semana que vem estou saindo de viagem. Depois de seis anos de ausência estou indo visitar a cidade onde eu nasci e vivi 16 longos anos da minha vida. Estou ansioso mas sobretudo estou apreensivo. Muita coisa mudou nesses 6 anos e muita coisa ficou pra trás, pela metade, mal-contada, na minha história de 16 anos nessa cidade. E, é claro, nesta última semana comecei a pensar muito nessas histórias. Eu tinha uma amiga que conheci no primeiro ano do colegial. Ela era amiga de uma garota deslumbrante chamada Andressa.
Andressa tinha os cabelos compridos e lisos, os olhos verdes, grandes, uma boca gigantesca carnuda, vermelha e suculenta que parecia dançar a cada sílaba dita. Eu era louco pela Andressa. Mas ela nunca me dava qualquer brecha.
Então me aproximei de sua outra amiga. Lúcia não era nem de longe deslumbrante como a Andressa mas era bem mais acessível e poderia servir como um canal bastante eficiente pra que eu me aproximasse da outra. É claro que deu super certo a minha tática só que no percurso acabei vendo que tanto quanto era linda, Andressa era desinteressante. Em compensação sua amiga foi se tornando cada vez mais a MINHA amiga e em pouco tempo éramos unha e carne. Mesmo!
Nós dois não nos desgrudávamos nem depois da aula. Saíamos juntos, estudávamos juntos, fazíamos juntos os trabalhos escolares, as macarronadas de domingo, as sessões de filme de sábado e ainda passávamos as tardes sentados na rede batendo papo sobre mil coisas. Normalmente eu falava e ela ouvia, mas não era a regra.
Então, foi muito triste quando eu consegui meu primeiro emprego e precisei começar a estudar à noite. Passamos a ter menos tempo pra nós e isso fez com que nosso tempo juntos tivesse ainda mais valor.
Não demorou muito pra que ela começasse a trabalhar e fosse estudar no noturno também, mas então eu já tinha começado a namorar e precisava dedicar algum tempo à minha namorada. Porém, a namorada já tinha sido devidamente avisada que a Lúcia era mais importante pra mim. Quando meu namoro acabou eu logo comecei outro mas entre eu e a Lúcia alguma coisa começava a mudar. Na festa de confraternização de fim de ano da empresa onde eu trabalhava, não levei a namorada. Levei a Lúcia.
Certa noite na escola, dia de prova, eu terminei a minha e fui liberado, então sentei lá fora e fiquei esperando minha namorada. A Lúcia tinha aula normal na classe dela mas me vendo ali, resolveu fazer companhia. Eu estava com fome e ela tinha comprado umas bolachas.
Conversamos, comi as bolachas e eu estava meio triste porque o ano estava acabando e eu já sabia que em breve estaria me mudando pra outra cidade.
Parecia então a coisa certa dizer pra Lúcia que ela era a coisa mais importante da minha vida. Que ela era a minha alma gêmea incontestável. Que eu não existia sem ela e que, mesmo que estivesse indo embora, levaria uma parte dela comigo.
Parecia certo beijar a boca dela depois de dizer isso tudo e foi o que eu fiz.
Faltando cinco meses pra me mudar pra outra cidade, pra outro estado, comecei a namorar a Lúcia.
Um ano depois de eu ter me mudado, noivamos.
O casamento foi marcado pra Março de 2004.
Em Dezembro de 2003 eu cancelei o casamento porque tinha me apaixonado por outra guria na cidade em que eu morava.

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