terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lasanha

Minha colega tinha um relacionamento aberto com o namorado. Ela estava bem, satisfeita e feliz com essa forma de lidar com as coisas. Aparentemente, ele não.

Um amigo conheceu uma guria e começaram a ter um caso. Eles não estavam atrelados, só curtindo bons momentos juntos. Até que começaram a namorar.

Eu não sei porque mas as pessoas insistem em apostar num modelo de relacionamento que torna cada uma das partes, propriedade da outra. Como se um casal tivesse de se bastar, como se - sendo um casal - eles tivessem de se fechar para o mundo. Isso não funciona!
Conversando com minha namorada há uns bons meses atrás, falávamos sobre sentir atração por outras pessoas. Falávamos da fidelidade como prega a igreja e de como é impossível não olhar pra ninguém na rua. Não sentir tesão por alguém que está passando...

Eu digo mais. Muito mais. É impossível não apaixonar-se por outras pessoas. Todos os dias conhecemos gente das mais diversas estirpes, filosofias, histórias de vida diferentes. Pontos de vista novos, manias estranhas... Tudo isso é simplesmente encantador. Essa gama de pessoas tão diferentes entre si e todas as possibilidades que cada pessoa oferece, tudo isso é muito valioso pra simplesmente deixar passar. Pra fingir que não é nada, que aquele alguém interessante que você acabou de conhecer não tem valor porque você já tem um namorado ou namorada!

"O que me magoa é descobrir que eu não sou suficiente pra você!" Eu já ouvi essa frase ser proferida. E fiquei estarrecido. Imediatamente.

Você não É mesmo!! Não é e não TEM de ser! Eu sou muito mais complexo que isso! Tenho muito mais desejos que isso! Tenho mais fome! Mais ambição. Tenho muito mais paixão! NINGUÉM TEM DE SER SUFICIENTE PRA NINGUÉM! Aliás... não tem como ser.

As coisas seriam muito mais simples e mais fáceis se esse conceito cristão bobinho caísse por terra. Ninguém é dono de ninguém. E ninguém sozinho consegue satisfazer todas as necessidades afetivas de ninguém!

Pensa bem! Você conseguiria viver a vida inteira se alimentando só de lasanha? Por mais que você adore lasanha e goste desse prato mais do que gosta de qualquer outro! Por mais que você deseje poder comer lasanha por toda a sua vida... você conseguiria passar a vida toda só à base de lasanha?

A analogia é tosca, eu sei. Mas é simples o suficiente pra que todo mundo entenda.

5 comentários:

Lucas Costa disse...

Estou procrastinando no trabalho então vou escrever apenas pontos aleatórios, sem ordem e não muito lapidados.

-Mesmo os ateus seguem esse sistema, então nesse caso acho que a culpa não é muito da igreja católica, e sim da insegurança e ciúmes presentes nos seres humanos.
-Enquanto se tratarem de lasagnas, canelones, feijoadas, moranguinhos e até mesmo sanduiches de presunto, pode ser que até daria certo, mas e quanto aos jilós, jacas, tofús e cupuaçus? acho que o amigo do primeiro exemplo deveria se sentir um jiló namorando uma macarronada e não estava se sentindo bem nesse rodízio.
-E de que adianta querer comer todo mundo se poucos querem te comer?

Desculpe a falta de nexo, deveria estar pensando em meias ao invés de comida.
Até mais

Fabio Hamaya disse...

na teoria tenho que concordar com tudo, mas na prática é tão difícil...

isso que dá botar na cabeça que todo dia é domingo, dia de lasanha.

Adonay Esteves disse...

Caaara!!! Lucas, compadre... tu falou pouco mas FALOU BU-NI-TU!!

Com certeza a origem de todo mal está no fato de que todomundo se sente um jiló na maioria das vezes (mesmo sendo lasanha). No grande rodízio da vida, vamos vendo os canelones, as picanhas, as maminhas... todos serem escolhidos e nós ali... esfriando emargando...

Esse assunto vai dar outro post... pode ter certeza!

Abraços!

Fábio! Você também é um gênio: "botar na cabeça que todo dia é domingo" é uma frase linda.

JAIRCLOPES disse...

Qualquer que seja a analogia alimentar você está certíssimo. O ser humanp "é muito mais", ao dedicar-se a apenas uma pessoa a vida toda, está se tolhendo, está limitando o alcance do seu emocional de seu intelecto. Apenas uma observação: o conceito de fidelidade é uma criação judaico-cristã, em cuja cultura estamos submersos.

Adonay Esteves disse...

Foi exatamente isso o que eu quis dizer! Não precisamos ser religiosos e participar da comunhão da igreja pra estarmos submersos pelo conceito da fidelidade conjugal. Já tá enraizado na nossa cultura! Essa tinhanha!!