sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Memórias

Dizem (embora eu não acredite) que nos últimos suspiros, pouco antes de entregar os pontos pra morte a gente relembra das coisas mais relevantes de nossa vida.

Quando eu era criança minha irmã mais nova tinha uma amiga que tinha uma irmã mais nova. Nós nos apaixonamos, eu e a irmã mais nova da amiga de minha irmã.
Minha família morava num sítio lindo e todos os finais de semana essas duas irmãs iam passear por lá. Um dia, nadando no córrego, a menina deu um mergulho. Eu a acompanhei, segurei em seus braços e beijei seus lábios.

Tinha uma amiga de escola por quem eu era apaixonado na adolescência. Ela tinha namorado (mais velho, mais alto e mais forte que eu). Todos os dias ela vinha até minha sala durante o intervalo e ficávamos conversando. No fim do intervalo ela ia embora e só voltava no dia seguinte. Todos os dias.
Um dia ela deixou de aparecer e só voltou depois de um mês. Durante aquele mês de ausência eu senti tanto a falta dela, senti tanto medo que ela nunca mais voltasse que, no dia em que ela voltou, depois de acabado o intervalo eu segurei-a, olhei em seus olhos e disse: "Eu te amo!" Foi a primeira vez que eu disse aquilo pra alguém.

Eu estudava à noite e estava sentado na calçada da escola, esperando que meu pai viesse me buscar pois minha bicicleta estava no conserto.
Minha aula tinha acabado mais cedo naquele dia e minha namorada tinha ido embora.
A Lúcia tinha aula normal mas, me vendo ali, resolveu fazer companhia.
Éramos inseparáveis. Ela era minha melhor amiga e eu estava prestes a me mudar de Minas pro estado de São Paulo. A perspectiva da separação vinha nos deixando arrasados.
Naquela noite eu olhei pros olhos de Lúcia, agarrei em seu pescoço e beijei-a na boca como se nunca mais fôssemos nos ver.

Tinha uma guria por quem eu sentia tesão. Depois de umas semanas de xaveco, uma noite rolou o beijo. Eu esperava pelo beijo, só não esperava que fosse um beijo tão bom.
A boca da guria era simplesmente a boca mais macia, suave, quente, húmida e safada que eu já tinha beijado até então. Por alguns segundos o tempo parou, eu entrei em êxtase, fui até o paraíso e voltei. Nunca tinha me ocorrido que um reles beijo pudesse gerar sensações tão fortes e alucinantes.

Eu estava trabalhando numa borracharia e namorava uma guria bem mais nova que eu. Ela era irmã da menina do parágrafo logo acima e tinha sido um pequeno milagre que me aconteceu. Ela era doce, linda, meiga, amorosa, pueril, sensível e tinha o beijo parecido com o da irmã mais velha. Era perfeita! Realmente um presente dos céus.
Uma tarde, saindo do trabalho, as mãos cheias de calos, graxa e pó de borracha, o rosto salgado de suor, encontrei com ela que estava a caminho de sua aula de dança do ventre.
Conversamos um pouco e eu disse que queria beijá-la mas estava tão sujo que nem tinha coragem. Antes que eu terminasse de falar ela me puxou pela camiseta e deu-me um beijo demorado, molhado e cheio de paixão.

Depois de ter beijado pela primeira vez a boca da Léa e de ter me certificado de que ela estava perfeitamente consolada, resolvi ir embora. Quando eu estava pra atravessar o portão,lembrei que tinha deixado minha blusa em cima do sofá e voltei pra buscar. Ao chegar na porta, Léa estava lá me esperando já com a blusa na mão. Antes de me devolver, ela cheirou a blusa e sorriu. Aquilo me apaixonou.

Na segunda vez que encontrei a Renata tínhamos marcado de ir no cinema. Eu ainda estava inseguro sobre qual seria o momento certo de beijá-la de novo e temia que ela pudesse não querer. No meio da sessão, deixei que minha mão caísse sobre a dela e a guria se pôs a acarinhar minha palma com seu polegar. Foi quando eu suspeitei pela primeira vez que aquilo daria bem mais que um mero affair.

3 comentários:

JAIRCLOPES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JAIRCLOPES disse...

JAIRCLOPES disse...

Thi, você continua desfiando tuas aventuras de menino/rapaz de forma a nos fazer conhecer grande parte de suas paixões e paixonites. Parece que você escreve não só por que é um escritor em potencial, mas, sobretudo, porque sente necessidade de externar aquela fase de descobrimento pela qual passou, que é normal em todas as pessoas, mas que quase ninguém tem coragem de expor. Parabéns pelos textos e pela coragem.

Sinceras e Apimentadas disse...

Uau!

Acho que quero recordar minhas memórias também.

Se puder, dá uma passadinha para conhecer nosso blog, e se gostar, sinta-se a vontade!http://sinceraseapimentadas.blogspot.com/

Beijinhos