terça-feira, 4 de outubro de 2011

Relacionamento Maduro

Situação bastante comum. Um relacionamento longo recém terminado. Sem brigas, sem discussão Apenas terminado. Provavelmente porque uma das partes não ama, não se identifica mais com a outra.

Num relacionamento maduro, mesmo que alguém esteja ferido, mesmo que se sinta abandonado, não há porque não continuar amigos. Alguns almoços, algumas trocas de favores e telefonemas.
Num desses telefonemas ela contava sobre os incidentes do trabalho, sobre problemas com os quais se confrontara, sobre a falta de dinheiro, etc.
Ela falava e ele ouvia atento, concordando com algumas coisas, discordando de outras, oferecendo pequenos conselhos. Sendo maduro.

Mas de repente, na distração da conversa, no ritmo do bate-papo, em meio às amenidades, totalmente sem querer ele diz, não o nome dela mas o apelido carinhoso pelo qual se tratavam antes do fim do namoro.
Leva-se alguns segundos pra perceber o que aconteceu.
Silêncio.
Os dois não sabem o que dizer, não sabem o que justificar. É um equívoco comum mas totalmente desconcertante.
De repente é como se não tivesse acabado. Como se a relação prosseguisse, como se os laços amorosos ainda gozassem de ternura, como se aquele respeito mútuo, aquele afeto pudesse reacender a chama, retroceder o tempo pra antes das coisas se tornarem cansativas, pra quando se podia e queria compartilhar mais que amenidades cotidianas.

Mas não se pode, é claro, e todo mundo sabe disso. Sabe. Mas não aceita. Maturidade não conversa com amor. Racionalidade não tem nada a ver com os sentimentos.


Não existe um relacionamento maduro quando é um relacionamento de amor. E não existe um fim isento de sentimentos numa relação dessa natureza. O que existe é a vontade maquiada de continuar. De ainda ter alguma coisa daquela pessoa, de ter a chance de manter algo vivo. De manter alguma proximidade. De saciar - ainda que superficialmente - a necessidade da correspondência afetiva do outro.

E então, numa hora dessas, o que resta é reatar os laços de forma efetiva e completa ou - se uma das partes acredita mesmo que não haja possibilidades de que isso aconteça - não telefonar nunca mais.

O único jeito de terminar um relacionamento amoroso de forma realmente madura, é desatar todos os laços. Sem ternura, sem amenidades, sem amizades depois.

Um comentário:

Dhiego disse...

Caralho, era algo que eu realmente precisava ler.