quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Carpenters

Quando eu olhei pros seus olhos cheios de lágrimas, pensei em como seria desastroso nunca mais ter esses olhos para olhar. Eu vi sua boca recolhida pelo choro, seus ombros encolhidos em desalento e pensei no desalento que seria a minha vida se você não tivesse voltado. Eu pensei na eternidade daqueles dois minutos e meio entre o momento em que você saiu magoada batendo a porta e o momento em que voltou furiosa querendo me cobrar satisfações.

E eu queria te amarrar, te prender em mim, te atar ao meu sofá pra que você nunca pudesse ter a chance de me deixar. Eu queria suprimir completamente sua autonomia pra que você não tivesse qualquer outra escolha na vida senão me amar, independente do que acontecesse.

Eu queria ser dono dos seus dias, queria ser senhor do seu tempo, soberano do seu destino. Pra que não houvesse fato que eu não pudesse saber, intervir, interferir ou manipular.

Quando você me abraçou sedenta de cuidados, quando envolveu meu pescoço com seus braços eu pensei na solidão que seria a minha carne sem a sua. Eu pensei que a minha boca perderia todas as palavras se eu não tivesse mais os seus ouvidos. Que a minha garganta secaria se eu não tivesse mais seus beijos.

E eu quis que você não fosse tão passional quanto eu. Quis que você pudesse ser mansa. Mas lembrei que o que me fez te amar em primeiro lugar foi justamente o fato de você não conseguir ser mansa. E entendi que o nosso fogo, nossa cólera comum é nossa bênção e nossa derrocada.

Eu quis sair. Quis te levar pra algum lugar bem longe e você quis ir pra um bar. E nós bebemos e conversamos e nos beijamos e dançamos Carpenters como se eu nunca tivesse estado tão perto de nos perder.

2 comentários:

Laisa Maria Ferreira disse...

Olá. 4 semanas? Parece que janeiro não sugou apenas a minha alma. Mas creio que nossos motivos sejam outros (caso interesse tem em meu blog os superficias motivos que me levaram a desaparecer por cerca de 2 ou 3 meses). Mas não foi sobre isso que vim falar. Vim falar que estava com saudades, e por mais que a vida me impedisse eu sinti falta de vir aqui. Embora eu não seja a pessoa mais romântica do mundo (na verdade estou anos luz disso) eu gosto do modo como fala do amor (embora eu mesma não goste muito de falar deste).
Bem, quando voltar, esperto estar aqui, não demore tanto, gosto muito de lê-lo. Até,

Anônimo disse...

resumindo oq laisa falou. Porra! não vai mais postar não?! Quero ler essa porcaria aqui! Beijo :D