quinta-feira, 6 de junho de 2013

Escola

Muito frequentemente as pessoas me perguntam o que inspirou o nome do blog. Mais frequentemente ainda as pessoas – principalmente as garotas – deduzem que o “Canalha” do título seria eu.

Nunca foi.

O blog se chama “Escola de Canalhas” porque a vida é uma escola de canalhas. Porque as mulheres, os amores perdidos, as desilusões e as dores de cotovelo são a Escola de Canalhas de qualquer cara.

Ninguém nasce canalha e, na verdade, salvo raras exceções todo mundo nasce bobo e bem-intencionado.

Não há nem nunca houve qualquer intento doloso naquele bilhetinho galante com caligrafia tosca pousando repentinamente na mesa da coleguinha da segunda série.
Nenhuma idéia maligna motivando a declaração de amor boba sussurrada timidamente entre dezenas de reticências, olhares vacilantes e testas úmidas, no intervalo entre as aulas de matemática e de história.
Nem um lampejo de maldade por trás daquele pedido de namoro.
Não há sentimentos escusos, nenhuma vilania ou qualquer mesquinhez no desejo de dar e receber carinho. Não há segundas intenções na ânsia de estar dentro do corpo da menina, de sugar-lhe a língua, de embrenhar-se nos cabelos dela.
Quando aquela necessidade quase inebriante de tê-la por perto, de ouvi-la falar, de monopolizá-la toma conta de tudo, não há motivações egoístas.
Nenhum desejo deliberado de subjugação.

Tampouco há qualquer vício ou cólera por trás daquele pedido de casamento.

No entanto o bilhete tosco é rechaçado. A declaração de amor é ignorada e o pedido de namoro, negado.
Apesar de todas as boas intenções, de toda motivação amorosa o sexo é tomado por pecado e a ânsia por companhia tida como restrição.
Em detrimento das motivações nobres, das ambições cálidas o pedido de casamento vira ameaça.
E não por maldade, mas por inépcia, com o tempo o que parecia bom vai ficando cinza e ganhando ares de crueldade. E por medo e por despreparo toda calidez vira raiva, desprezo e frieza.
E por uma sequência de fatalidades a vida acaba, enfim, por graduar mais um canalha.

Nenhum comentário: