sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Fazia falta


Fazia falta uma companhia cálida, uma presença plena. Fazia falta alguém que quisesse estar aqui e não em qualquer outro lugar.
Fazia falta uma equivalência de interesses. Fazia falta alguém que quisesse estar junto ao final de um dia cheio de trabalho, como um descanso e não como um repositório de relatórios dos fatos do dia.
Fazia falta um olhar mais terno que cobiçoso. Fazia falta a intenção de dar tanto quanto a de receber.
Fazia falta um cafuné. Fazia falta um beijo demorado. E no rosto.
Fazia falta ouvir elogios.
Fazia falta conversar sobre os mesmo livros. Rir sobre as mesmas piadas bobas.
Fazia falta rir.
Fazia falta sonhar com coisas bobas. Sonhar com crianças e com quintais.
Fazia falta alguém que fosse bem resolvido. Bem informado.
Fazia falta alguém que fosse bem vivido.

Fazia falta um pouco mais de vida. De vida verdadeira. De presenças verdadeiras.
Fazia falta um pouco mais de verdade. De honestidade, até.
Fazia falta um bocado de franqueza. Aquele tipo de franqueza pura, plena e seca, que às vezes até dói.

Fazia falta um telefonema no meio da tarde. Aquele tipo de telefone sem razão. Só por querer. Só pra saber do dia. Só pra ouvir a voz. Só pra contar aquela piada.
Fazia falta alguém que fingisse não saber só pra te deixar falar.
Fazia falta alguém que comesse o que você cozinhou, mesmo sem gostar, só porque você cozinhou como uma forma de demonstrar carinho.

Fazia falta alguém que quisesse te demarcar como um território conquistado.  E te cercar.
Fazia falta alguém que quisesse dormir ao seu lado. E acordasse assustado ao perceber que você não está lá.

Fazia falta...