Viver pra quê? Se falta sempre tanto e o
pouco que se consegue com tanto esforço te é tomado? Viver pra quê se à medida
em que se envelhece sente-se cada vez mais distante das pessoas, do que elas
pensam, do que elas gostam e do que acreditam? Se o espírito anseia tanto pela
soma da companhia serena e franca das pessoas à sua volta mas a traição, o
egoísmo e o descaso são as únicas constantes dessa equação?
Qual o sentido de carregar tanto peso se a
recompensa nunca chega, ou chega e é sempre tão fugás que te deixa uma fome
absurda?
Qual a intenção por trás de produzir algo?
De criar algo? De ganhar dinheiro? De acumular experiências e histórias se tudo
isso vai pro túmulo sem que ninguém além de si as conheça?
Qual a razão do otimismo? Qual é o motivo
de sacrificar-se em busca da felicidade (qualquer que seja o objeto ou objetivo
em que se projete a felicidade) se ela nunca vem.
Se a resposta nunca vem. Se o amor nunca vem. Se os anseios continuam sempre sendo anseios. Se ninguém nunca ganha nada porque ninguém nunca tem disposição pra dar?
Se a resposta nunca vem. Se o amor nunca vem. Se os anseios continuam sempre sendo anseios. Se ninguém nunca ganha nada porque ninguém nunca tem disposição pra dar?
Pra quê, se sua análise do mundo é
demasiadamente distorcida ou o mundo é demasiadamente distorcido de uma forma
tal que presenciar a vida e a rotina dos outros te esmaga o coração e o ânimo?
Se toda tentativa de encaixar-se te obriga a abrir mão de uma infinidade de sonhos e crenças que você cultiva e que te definem.
Se os outros te escutam, mas não te ouvem. Se é simplesmente impossível viver e ignorar a presença dos outros. Se é inconcebível viver sem outros. Se é impensável ser a antítese dos outros.
Se toda tentativa de encaixar-se te obriga a abrir mão de uma infinidade de sonhos e crenças que você cultiva e que te definem.
Se os outros te escutam, mas não te ouvem. Se é simplesmente impossível viver e ignorar a presença dos outros. Se é inconcebível viver sem outros. Se é impensável ser a antítese dos outros.
Viver pra quê? Pra quê acordar todo dia? Se
todo dia, quando você acorda, sua auto comiseração, seu amor próprio, seu
egoísmo, seu medo, suas obsessões e suas fraquezas te fazem repetir
incessantemente: Por que eu?
Mas eu digo o por quê: porque eu quero,
preciso e sito que seja um direito meu, depois de tanta decepção, depois de
tantos desvios, depois de tudo de errado, de tanto pessimismo, ainda assim ser capaz de encontrar e erigir minha família de comercial de margarina. E ser feliz.
Plenamente feliz. Feliz a ponto de esquecer tudo o que há de errado.
E morrer em paz.
E morrer em paz.
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