sábado, 11 de fevereiro de 2012

Obsessão


Quando você venera alguém. Quando sente uma necessidade que transcende o físico. Quando te parece que falta um membro, um pedaço do peito. Quando a pessoa a quem se ama não está e predomina a sensação de que te arrancaram as entranhas.

Quando se está sozinho e parece que o gosto da própria boca é amargo. Quando tragar o ar te parece que você está tentando respirar água. Quando a falta é maior do que a sua casa.

Quando você sente que a sua existência está vinculada à presença do outro. Quando a voz do outro te alimenta. Quando o corpo do outro te alicerça. Quando tudo carece de qualquer propósito ou sentido se não naquela companhia.

Quando as horas se arrastam e a cabeça pesa. Quando o sentimento de posse te faz querer cometer um assassinato. Quando os ciúmes te fazem doer os ossos. Quando o amor te liquefaz.

Quando você se pune. Se permite mazelar. Quando você abre mão do próprio orgulho e escuta calado o que te ofende. Porque, por mais que algumas palavras doam, a simples idéia de não escutar qualquer palavra dói ainda mais.

Quando o desejo te faz ficar bêbado. Quando as mãos tremem de raiva e luxúria. Quando os sentidos deturpam a realidade e parece que tudo é etéreo, insosso, insípido e disforme.

Quando você perde o controle. Quando seus joelhos se prostram no chão e você se descobre um escravo.

Quando você idolatra alguém. Quando você anseia. Quando quer que seu corpo se funda ao da outra pessoa até que sua individualidade seja completamente sublimada.

Quando o que você sente deixa de se chamar "amor" e passa a ser chamado de "obsessão".

Um comentário:

Anônimo disse...

Putz! tenho medo, estou nesta mesma situação. O que se faz???