domingo, 30 de maio de 2010

Minha vida

Então eu vi uma foto dela e, por um instante senti o cheiro de seus cabelos molhados.
Por um instante foi como se eu estivesse lá, sentado na varanda esperando ela vir do banho e me envolver com seus bracinhos magros, me beijar com seus lábios cálidos e falar do dia com sua inocência boba.

Por um instante, eu ouvi sua vozinha fina e mansa, seu modo compassado e lento de pronunciar as sílabas e colocar todos os "S" nos plurais.
Numa fração de segundo eu me lembrei do calor de seu pescoço. De suas mãozinhas miúdas dentro das minhas. Do brilho de seus olhos enquanto me contava cada cena de "Antes do Amanhecer".

E eu nunca assisti esse filme porque sempre preferi ficar com a versão dela.

Mas num instante. Aquele instante. No instante em que olhei praquela foto, ouvi de novo sua súplica chorosa, insistindo pra que - já que eu não queria abandonar minha noiva - pelo menos não usasse a aliança em sua presença.
E eu lembrei que, pra acalmar os ciúmes que ela sentia, propus um pacto de sangue. E fizemos um pacto de sangue sob as árvores do mesmo horto onde trocamos os primeiros beijos.

E eu lembrei que guardei aquela agulha. Guardei pra nunca esquecer que, fosse eu noivo, amante ou marido de quem fosse, a única que tinha meu sangue nas veias era ela.

Acontece que eu esqueci. E no instante em que olhei a foto, no instante em que vi suas feições pueris e seu perfil simétrico, minha vida retrocedeu a sete anos atrás. Eu lembrei que qualquer uma poderia ter meu corpo, meu coração, minha atenção e meu amor mais sincero. Mas só a Gisele tinha minha vida.

Um comentário:

Gi Murback disse...

Uma história sem fim é a nossa, com virgulas e pontos... porém na eternidade da vida estaremos unidos sem um ponto final... hoje conclui que o meu sentimento por você é o mais sincero e puro que existe neste mundo... o sentimento que não é passageiro e é adocicado pelo companheirismo...

Meu amigo fiel e companheiro eu te amarei sempre!