terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Pão de Queijo

Uma vez eu conheci uma guria na casa de uns amigos. Superinteligente, gatinha, bom papo, meio neurótica (como é sempre bom), verborrágica, sexualmente bem resolvida (ou quase, como toda mulher).
Bateu um tesão imediato. Trocamos umas palavras.

Ela falou que gostava de boa comida, conhecia bons vinhos, umas baladas alternativas, disse que lia Kerouac mas que gostava mesmo de Gabriel Garcia Marques. Entendia pouco de cinema, quase nada de quadrinhos, tinha uns amigos artistas, frequentava o metié gay e tinha viajado recentemente pra Chapada Diamantina.
Ela tinha os cabelos encaracolados, os dedos da mão meio tortos, os esmaltes comidos e um anelzinho prateado, bem fininho, no dedo médio. Tinha umas sardas no nariz, um jeitão de moleque e se achava mais descolada do que realmente era.


Eu contei que adorava cinema, que tinha pilhas de gibis, que há muito tempo não lia nenhum livro e que sentia falta disso.
Falei que era mineiro, que adorava comer e que, modéstia a parte era exímio na cozinha. Contei que tinha conquistado minha ex-mulher pelo estômago e que ela tinha sido viciada em pão de queijo. Que me pedia pra fazer pão de queijo todo dia, e que eu tinha quase enjoado de tanto fazer.


Ela me pediu a receita do pão de queijo e eu fiquei de, hora dessas, levar a receita em sua casa.
Depois fiquei pensando: que merda! Levar a receita de uma droga de pão de queijo e bater na porta da guria dizendo "Vim aqui trazer a receita que você pediu" enquanto o que eu queria mesmo era dizer "Oi. Tou aqui com essa receita na mão mas na verdade vim só pra te comer!"
Nunca apareci.

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